Queridos Confrades, queridos membros do C.V.O.M, queridos amigos,
O tempo de Natal, o tempo do Advento , e as festas vividas nesta quadra levam-nos a pensar no significado da Encarnação.
Deus criador fez-se Homem dando-nos o seu filho para nos salvar.
E Deus criou o Homem à sua imagem e semelhança conferindo-nos deste modo uma dignidade que uma qualquer outra criatura viva não tem.
Porque somos imagens de Deus somos inteligentes e sobretudo estamos aptos a buscar o verdadeiro e profundo sentido das coisas ou seja: Deus permite-nos e ensina-nos, se fizermos o percurso necessário e consequentemente se trilharmos o caminho da verdade com convicção, perseverança e humildade a tornar nos sábios.
Mas a verdade tem infelizmente e como sabemos, vários adversários, designadamente a mentira, o erro e a aparência, inimigos esses que como cavaleiros de Malta e cientes da nossa História e do nosso passado glorioso, mas também com profunda e renovada Espiritualidade, cientes dos tempos em que vivemos, e norteados por um esclarecido sentido de futuro, devemos combater diária e incessantemente, dando um claro testemunho cristão da nossa ação pela prática eficaz e regular de obras assistenciais e fortalecidos pela prática diária da Oração.
No entanto e como somos feitos à imagem de Deus, também somos livres; e consequentemente somos capazes de amar, de sermos senhores de nós mesmos e de nos darmos as outros.
É pois assim enquanto membros de uma Ordem Católica de Cavalaria, a Ordem Soberana Militar de Malta que devemos viver interior e intensamente a nossa Espiritualidade, aprofundando e cultivando a nossa Fé, dando, mas também e sobretudo dando-nos a nós próprios (do nosso tempo, dos nossos talentos, dos dons com os quais Deus nos contemplou, da nossa inteligência e do nosso coração) aos mais necessitados, aos pobres e aos doentes, enfim a todos aqueles que necessitam de auxílio vendo neles o rosto sofrido de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Não restem dúvidas de que ser livre implica uma interioridade e uma introspeção e como tal uma consciência dos nossos pensamentos e das nossas ações.
Não basta contudo estarmos ao lado dos outros e interagir superficialmente: seguir a realidade de Deus é viver efetivamente em comunhão, sendo que tudo em nós é chamado a refletir a imagem de Deus que somos.
E neste aspeto viver intensamente a Espiritualidade e o Carisma Religioso próprio da Ordem de Malta durante o Natal é para nós um momento ímpar de comunhão connosco, com os outros confrades e com Deus Nosso Senhor, fortalecendo desse modo o nosso Espírito e retemperando forças para - como auxílio de Deus - cumprirmos a nossa Missão Cristã enquanto Hospitalários de São João Baptista - nosso Santo Patrono, exemplo de humildade - naquilo que se refere à Defesa da Fé e à pratica da Caridade.
Ao recordarmos no Natal que Deus se fez Homem para nos salvar, relembramos que Deus Nosso Senhor nos restituiu a nossa própria imagem enquanto feitos à Sua imagem e semelhança, unindo-se a nós para que nós unidos a Ele, fossemos resgatados das mentiras, das maldades e das aparências permitindo-nos desse modo viver a nossa verdade plenamente e realizando o nosso ideal de vida segundo os ensinamentos de Jesus: sermos sábios, livres, capazes de amar e de viver em comunhão, sermos - e muito em particular enquanto Damas e Cavaleiros de Malta - dedicados uns aos outros e puros de coração.
Que o Senhor nos ajude a perceber nesta quadra natalícia que a nossa maior dignidade se encontra no fato de sermos salvos por um Deus que, humilhando-se, nos deu a faculdade de ver o Caminho, a Verdade e a Vida.
Votos de num Santo Natal extensivos às vossas Famílias,
Conde de Albuquerque
Presidente